domingo, 4 de julho de 2010

Eles falam, falam...

O Secretário de Estado dos Transportes efectuou uma intervenção sobre a terceira travessia do Tejo em Lisboa (TTT) nas Conferências do Beato.
Da intervenção, que é relativamente longa, destaco três parágrafos sobre a componente rodoviária (e pouco mais se diz sobre esta componente):

"Aparentemente contraditória com a preocupação em relação ao congestionamento foi a decisão de avançar na TTT com um tabuleiro rodoviário. Contudo, à semelhança da componente ferroviária convencional, também esta componente rodoviária constitui um missing link, uma ligação em falta, pois o corredor Lisboa-Barreiro-Moita-Seixal é o único que actualmente não está servido por uma acessibilidade rodoviária directa. Da mesma forma, destaco a relevância desta nova ligação rodoviária no contexto da localização do Novo Aeroporto de Lisboa na margem esquerda do Tejo, mais precisamente na zona do Campo de Tiro de Alcochete.

A este propósito, o Estudo de Impacte Ambiental da Terceira Travessia do Tejo, datado de Setembro de 2008, conclui que a implementação da componente rodoviária na TTT respeita as boas práticas de integração do alargamento de oferta rodoviária, com o reforço relevante do sistema de transportes públicos, conseguido com a criação de novos serviços ferroviários de excelência e com a melhoria e reforço da generalidade dos existentes, permitindo simultaneamente um forte estímulo ao desenvolvimento socioeconómico gerado por essa componente rodoviária.

(...)

A integração do modo rodoviário na TTT deverá ter igualmente efeitos positivos complementares na promoção do sistema urbano policêntrico do arco ribeirinho, isto é, dos seus centros urbanos como uma rede articulada e complementar, e na reconversão das áreas industriais, em conjunto com a ligação Seixal-Barreiro e outras ligações próximas da amarração Sul, como o IC32, que asseguram o acesso aos núcleos urbanos principais."

Aqui ficam os meus comentários sobre estes três parágrafos:

- Então a componente rodoviária é justificada por se tratar de um missing link? Mas então, porque não fazer uma ponte rodoviária entre o Montijo e o Beato, e entre o Barreiro-Seixal-Cacilhas-Santos e Algés-Trafaria e Porto Brandão-Junqueira...tudo isto não são missing links? Que boa justificação!

- Por acaso li atentamente a avaliação ambiental estratégica do novo aeroporto e não me lembro de ver associados ao aeroporto os impactes ambientais da componente rodoviária da TTT...se afinal a TTT é para servir o aeroporto, assim devia ser. E, já agora, quando se comparou a Ota com o Campo de Tiro em Alcochete, era melhor ter também sido considerado o custo de parte da componente rodovária da TTT. Será que a opção tinha sido a mesma?

- Quanto às conclusões do Estudo de Impacte Ambiental (EIA) da TTT referidas no segundo parágrafo...é que também li atentamente o EIA em causa e nunca lá encontrei isto justificado. Alguém me pode dizer a página? É que sobre isto não me esqueço do que disse a Comissão Independente para a Componente Rodoviária da Terceira Travessia do Tejo em Lisboa no Corredor Chelas/Barreiro - "A Comissão considera que (…) a introdução do modo rodoviário na Terceira Travessia do Tejo é justificável, tendo em atenção as seguintes restrições fundamentais: (...)(iv) imposições de restrições à mobilidade rodoviária na TTT.”.

- Quanto ao terceiro parágrafo...é tão geral e abstracto que poderia servir em muitos contextos. Que estudos provam isto? Enviem-me, por favor, esses estudos e a indicação das páginas.

Sabem o que vos digo...