sábado, 10 de abril de 2010

Onde podia ser gasto o dinheiro do tabuleiro rodoviário?

Tenho a sensação que a maioria das pessoas pensa que faz pouco sentido fazer uma ponte ferroviária e não aproveitar para incluir um tabuleiro rodoviário. Até me parece que estou a ouvir alguém dizer – lá estão os portugueses a ter vistas curtas, em vez de pensarem no futuro e incluir um tabuleiro rodoviário.

Tenho também a sensação que algo de semelhante se passou com a Barragem de Alqueva…que sentido fazia ter a barragem feita e só encher até à cota 139? Quando chovesse, como aconteceu este ano, estaríamos a perder água! Para este caso já começamos a ter respostas…a albufeira está cheia e que uso está a ter toda aquela água?
Para a terceira travessia, para além da pergunta “para quê o tabuleiro rodoviário”, é muito importante perguntar “e por quanto? quanto custa? o que se podia fazer com esse dinheiro para melhorar a mobilidade na Área Metropolitana de Lisboa”

O GEOTA fez umas contas e concluiu que com o sobrecusto do tabuleiro rodoviário seria possível, por ex:
- Ampliar a rede do Metropolitano de Lisboa até 10 km (um aumento de 25% relativamente à rede hoje em exploração!);
- Ou ampliar a rede do Metro Sul do Tejo até 25 km (um aumento de 200%).
Será que uma combinação destas duas soluções, ou de outras que promovam o transporte colectivo, não seria uma maneira muito mais adequada para melhorar a mobilidade na Área Metropolitana de Lisboa e a qualidade de vida dos seus habitantes? O exemplo da Ponte Vasco da Gama não ajuda a tirar conclusões?
A resposta é para mim tão óbvia que tenho dificuldades em compreender como é que há quem não a veja.
Consulte a nota de imprensa do GEOTA aqui.

12 comentários:

  1. Qualquer cidade moderna (Paris, Londres, etc.) tem muito mais metropolitano, mais denso, do que Lisboa. Sim, concordo que é melhor investir em metropolitano.
    António

    ResponderEliminar
  2. Caro António
    Obrigado pelo comentário. Volte sempre.
    Sim, em tempos foi feito um estudo, se a memória não me falha, pago pela Lusoponte, que mostrou que um dos principais factores que contribuia para que as pessoas preferissem o carro ao transporte colectivo nas travessias do Tejo era precisamente uma rede de metro insuficiente em Lisboa. Porque será que este estudo nunca foi divulgado? Pelo menos que eu saiba.

    ResponderEliminar
  3. Caros, parabéns pela iniciativa.
    Nesta questão parece-me que há ainda mais outra via ...
    Porque razão havemos de gastar dinheiro para movimentar mais pessoas para dentro e fora de Lisboa?
    A mim parece-me que que devem é ser criadas condições para que as pessoas possam viver e trabalhar sem sequer terem de vir a Lisboa para o fazer.
    Isso provavelmente passa por criar polos tecnologicos, de industria, comercio, serviços, etc noutros locais, incluindo as cidades satelites de Lisboa.
    Só depois é que deviam ser consideradas as melhorias de mobilidade para dentro e fora da cidade.
    E nessa altura, dar prioridade aos transportes publicos, claro.
    Da minha parte, desde que prolongaram a linha vermelha do metro que tem sido esse o meu transporte preferencial ! :-)

    Cumprimentos,
    Carlos Anjos.

    ResponderEliminar
  4. Obrigado, Carlos, pela visita e pelo comentário.
    Concordo contigo. E sei que o GEOTA também. Para além de criar empregos fora de Lisboa, é preciso, diria mesmo, fundamental, trazer habitantes para Lisboa (concelho). Há muito a fazer nessa área.
    Como quase sempre, as soluções boas são uma combinação de várias soluções. E na melhoria da mobilidade defendo um correcto ordenamento do território + uma aposta no transporte colectivo. Tudo menos investir em mais vias radias, ainda por cima caras!
    Só para terminar, lembro-me de uma pessoa minha conhecida no outro dia se queixar que morava para os lados do Montijo e que já estava cansado...que afinal era caro viver do outro lado (portagens, gasolina, tempo), que se calhar era melhor comprar uma casa mais cara em Lisboa...um destes dias faço umas contas e coloco aqui no blog.

    ResponderEliminar
  5. Em primeiro lugar, queria felicitar-vos pela iniciativa, de facto não podemos ficar indiferentes a estes assuntos.
    A questão de morar fora de Lisboa, é bastante controversa, pois para a grande maioria das pessoas é a única opção que têm.As restrições crescentes de acesso ao crédito a habitação têm "empurrado" muitos jovens a viver na periferia da cidade (se o banco só empresta até determinado valor..não se pode nem pensar no resto).
    Em relação à questão do metro iria descongestionar bastante trânsito e facilitar a vida a imensos habitantes. Gostaria apenas de relembrar que existe um "eixo"(se assim lhe poderemos chamar) dos arredores de Lisboa que não é servido por comboio, refiro-me à Zona de Loures. Ao passo que existe essa alternativa para os que habitam na Linha de Sintra,Cascais, Alverca, Margem Sul, para os habitantes desta zona a norte de Lisboa a única opção é tentar chegar de carro à linha de metro mais próxima, ou mesmo levarem o carro para dentro da cidade...
    De facto existem tantas outras prioridades que equacionar a construção da TTT passa para o nível do absurdo.

    ResponderEliminar
  6. Gostava de lançar uma outra possibilidade de utilização dos 500M€. Por que não criar um BRT, linhas expresso de autocarros, eventualmente trolleys (eléctricos com pneus), em Lisboa?
    Quanto custaria Ligar Algés a Moscavide, através da 2ª circular e IC17, retirando espaço ao automóvel, para criar um anel de transporte público?

    Cumprimentos e parabéns pela iniciativa deste blog

    ResponderEliminar
  7. Caro Marcos Pais,

    Obrigado pela visita e pelo comentário. Volte sempre!
    Felizmente as possibilidades nos tranportes colectivos são muitas. O GEOTA somente deu exemplos.
    Com tantas e boas possibilidades, não faz é sentido nenhum continuar a apostar no transporte individual e, no caso em apreço, gastar tanto dinheiro na componente rodoviária da TTT.

    ResponderEliminar
  8. Antes de mais parabéns pela oportunidade de discussão de um assunto importante. Vou directamente à questão: onde poderia ser gasto o dinheiro? A minha resposta é simples: em lado nenhum! O Governo acabou de apresentar um plano para reduzir o défice que tem algumas medidas com impacto menor que os 500 M€ que custa este investimento. Por exemplo, uma medida do PEC é a seguinte: "Forte contenção salarial e reforço da regra de contratação 2 por 1, de modo a reduzir para 10% o peso no
    PIB das despesas com pessoal em 2013 - redução nominal de, pelo menos, 100 milhões de euros/ano". Eu não sou funcionário público, e não sei se a "forte contenção salarial" se justifica ou não. Para uns provavelmente sim, para outros provavelmente não. Mas a questão que coloco é a seguinte: se tivermos que escolher entre uma ponte para trazer mais carros para Lisboa ou manter o poder de compra de médicos, professores ou juízes o que preferimos? E a regra de "saem 2 entram 1", será mais importante manter o número de polícias, enfermeiros e educadores de infância ou construir uma terceira ponte rodoviária na região mais rica do país? As profissões que menciono são apenas exemplos, mas a ideia geral é que se pedem ao país inúmeros sacrifícios, fecham-se esquadras, escolas e hospitais, mas vamos apostar numa obra que parece pouco mais que um... luxo???

    ResponderEliminar
  9. Só se fala em investimentos aqui em Lisboa e venham mais carros, túneis e parques de estacionamento...
    A qualidade de vida fica esquecida principalmente para quem vive fora da cidade...
    Quem entra e sai de Lisboa de transportes públicos, gastando 2h30 por dia não tem tempo para pensar que isso representa 1 mês da sua vida por ano e que seria melhor procurar emprego perto do seu local de residência... mas que emprego..?
    O Governo poderia gastar "esse dinheiro" a descentralizar alguns Serviços Públicos gerando assim emprego fora da Capital e consequentemente reduzindo algum trânsito.

    ResponderEliminar
  10. Caro anónimo de 27 de Abril 3:13,

    Obrigado pela participação. Concordo que os 500 milhões davam imenso jeito para ajudar aos objectivos do PEC, podendo evitar-se outras medidas com efeitos como os que aponta.
    Parece-me é que é possível fazer outros investimentos (gastando por exemplo metade - 250 milhões e deixando a outra metade para ajudar ao PEC), nomeadamente no transporte colectivo, que podem gerar emprego e aumento de produtividade em diversos sectores (imagine que 100 mil pessoas do total que diariamente entram em Lisboa poupavam 30 minutos por dia...são imensas horas que podiam ser utilizadas para produzir riqueza, lazer, etc...em vez de estar a queimar combustível numa fila automóvel!

    ResponderEliminar
  11. Eu como antigo frequentador da transtejo e fertagus porque de bicicleta só posso utilizar este meio para atravessar o Tejo (ou tenho de ir muito a VFX), gostaria de uma travessia pedonal, isto é, um acesso mais largo de 2metros para quem quisesse utilizar este meio sem ter de pagar um centavo!
    Chamem-me louco!

    ResponderEliminar
  12. Sacramento,

    Nos comboios da Fertagus é possível transportar bicicleta, dentro de determinadas condições:

    " TRANSPORTE DE VELOCÍPEDES
    19.1 É permitido o transporte gratuito de Velocípedes nos comboios da Fertagus, todos os dias da semana, excepto às Horas de Ponta ou caso se verifiquem grandes aglomerações de Passageiros.

    19.2 O transporte dos Velocípedes deverá ser efectuado de forma a não obstruir as portas nem dificultando, de qualquer forma, a entrada e saída de Passageiros, devendo o Passageiro que transporta o Velocípede aceitar as sugestões e indicações do Pessoal da Fertagus para o efeito.

    19.3 É proibido aos Passageiros andarem de Velocípede no interior das infra-estruturas.

    19.4 É proibida a utilização das escadas mecânicas e elevadores existentes nas Estações para transporte de Velocípedes.

    19.5 Cada Passageiro pode transportar apenas um Velocípede.

    19.6 Em cada carruagem só poderão ser transportados no máximo dois Velocípedes.

    19.7 Os Passageiros serão responsáveis por todos os danos causados pelos respectivos Velocípedes durante o respectivo transporte.

    19.8 Para os efeitos das presentes Condições Gerais de Transporte, não são equiparados a Velocípedes os velocípedes com motor nem as trotinetas com motor, ou outros meios de locomoção."
    Em http://www.fertagus.pt/artigo.aspx?cntx=nm%2FFJknxVanh5BjUg%2ByorXwY8Tyqwc%2BhF1AgO3z82DvoFlf14slwtR0gKWVDgy%2F4

    ResponderEliminar