quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Mas o governo confirma a linha Lisboa - Madrid...

Afinal, depois da notícia de ontem, O Governo esclarece que "Mantém-se, assim, tudo o que está em curso no que respeita ao Eixo Lisboa-Madrid".

O comunicado integral a seguir:
" Relativamente à notícia veiculada pela TVI de que o Governo português informou a Comissão Europeia que decidiu atrasar ou adiar todas as linhas de Alta Velocidade, esclarece-se o seguinte:
1) Os adiamentos decididos pelo Governo constam do PEC 2010-2013.
2) Sobre esta matéria não existe nenhuma alteração da posição do Governo relativamente aquilo que é o conhecimento público.
3) Mantém-se, assim, tudo o que está em curso no que respeita ao Eixo Lisboa-Madrid.
4) Recorde-se que o projecto de Alta Velocidade é co-financiado pelo Fundo de Coesão, disponível para execução até 2015 e por verbas das Redes Transeuropeias de Transportes até 2013.
"

Humm...o tabuleiro rodoviário ainda anda por aí. Afinal esta não foi a prenda de Natal!

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

O Diária Digital diz-nos que o Governo decidiu adiar o TGV

Será verdade? De acordo com esta notícia, a linha Lisboa - Madrid seria também adiada. Se assim for, há um facto positivo - temos mais tempo para evitar o que, em minha opinião, é um disparate - gastar dinheiro púbico no tabuleiro rodoviário.

Do DD
"O Governo comunicou à Comissão Europeia que decidiu adiar todas as linhas do TGV, incluindo a ligação Lisboa-Madrid e o Executivo comunitário informou que Portugal não perderá os fundos comunitários afectos aos projectos, noticia esta terça-feira a TVI.
Em e-mail enviado à estação televisiva, o comissário europeu para as políticas regionais, Joahannes Hahn, refere que «o governo português informou a Comissão Europeia da sua decisão de adiar ou atrasar a construção das linhas de alta velocidade ferroviária».

«A construção das linhas Lisboa-Madrid e Porto-Vigo foi atrasada e a linha Porto-Lisboa foi adiada», detalha o responsável. "

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Renegociação do contrato de concessão da Fertagus

Notícia do DN sobre a renegociação do contrato de concessão com a Fertagus e a relação com a TTT
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O Governo aprovou ontem um decreto para a renegociação com a Fertagus da exploração da linha ferroviária do eixo do Tejo, tendo em conta a previsão de que a prazo será aberta nova travessia entre as duas margens.

"A prorrogação das bases de concessão à Fertagus para o transporte de passageiros no eixo Norte-Sul teve de se articular com a previsão de qualquer alteração que deva ocorrer em resultado das soluções de transporte entre as margens do Tejo, incluindo a alta velocidade entre Lisboa e Madrid", justificou o ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, no final do Conselho de Ministros.

Segundo o ministro, "trata-se de rever o contrato de concessão, prorrogando-o, tendo em conta nessa prorrogação as alterações previsíveis nesse cenário" de abertura da linha de alta velocidade ferroviária entre Lisboa e Madrid. "Por isso, o acordo [com a Fertagus] ponderou essas variáveis, porque é preciso que se mantenha o equilíbrio da concessão durante todo o seu tempo de vida", acrescentou.

Recorda-se que na semana passada o ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações anunciou que no próximo ano o Estado não pagará qualquer indemnização compensatória à empresa.Este ano, o Estado atribuiu oito milhões de euros de compensação à concessionária do comboio da Ponte 25 de Abril, detida pelo grupo Barraqueiro

A actual concessão da Fertagus termina a 31 de Dezembro, mas o contrato negociado em 2005 estabelece uma cláusula de prorrogação adicional por mais nove anos, ou seja, até Dezembro de 2019.
"

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Gosto de ler isto!

Gosto de ler passagens destas:

"No protocolo assinado ontem não é referido qualquer projecto em concreto, como o TGV. Na proposta definitiva que tinha apresentado ao PSD, antes da ruptura das negociações, o Governo tinha já admitido rever o projecto do TGV "no sentido de o circunscrever à componente exclusivamente ferroviária [ou seja, a travessia do Tejo teria apenas componente ferroviária e não rodoviária], reduzindo assim, significativamente, o custo do investimento envolvido, bem como da componente do financiamento nacional". "

A notícia completa no Jornal de Negócios.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O acordo para o orçamento de estado obriga a repensar a TTT

O recente acordo entre o PS e o PSD para a viabilização do orçamento de estado obriga a reavaliar um conjunto de obras públicas, onde se inclui a terceira travessia do Tejo em Lisboa.

Mais informações no Público.

"No memorando de entendimento já não se fala de projectos suspensos por seis meses, nem de avaliações das condições de mercado. Fala-se, inclusive, em todos os contratos antigos e ainda vivos e em "reanalisá-los económica, jurídica e financeiramente atendendo às novas circunstâncias dos mercados financeiros". Não é uma paragem definitiva, é uma pausa para reponderar e reavaliar, explicava ontem de manhã Eduardo Catroga.

Governo e PSD comprometeram-se com a constituição imediata de um grupo de trabalho constituído por "pessoas independentes e de perfil adequado", que procedam à análise urgente de todos os contratos, dando prioridade "às PPP e grandes obras, sem excepção, ainda não iniciadas ou em fase inicial de construção". Aqui, está-se a falar da alta velocidade e dos troços Poceirão-Caia, em fase inicial de construção, e Lisboa-Poceirão (que inclui a terceira travessia do Tejo). E fica claro que uma das missões desse grupo de trabalho passará por escalpelizar todos os contratos de parcerias e escrutinar os encargos que lhe estão subjacentes.

Há mais de uma centena de contratos deste tipo, sendo as parcerias do sector rodoviário as que absorvem a principal fatia de investimento. O autor do livro Onde o Estado Gasta o Nosso Dinheiro, Carlos Moreno, que auditou os contratos de muitas destas parcerias quando estava no Tribunal de Contas, contabilizou 50 mil milhões de euros de encargos só nas parcerias rodoviárias, ferroviárias e da saúde. Mas os documentos publicados pelo Governo "só" atingiam os 28 mil milhões.

O que é urgente renegociar

"Queremos todos saber onde está o dinheiro, e para onde vai", disse ontem Eduardo Catroga. Carlos Moreno disse ao PÚBLICO, numa entrevista que vai ser publicada terça-feira, que há contratos de PPP que é urgente renegociar: "Aqueles que se mostram manifestamente desequilibrados em desfavor do Estado concedente, na relação entre o risco assumido pelo Estado, nomeadamente financeiro e comercial, e a taxa de rentabilidade dos concessionários." Exemplos: Metro Sul do Tejo, novas subconcessões da Estradas de Portugal e renegociações dos contratos Scut. "Para renegociar é preciso chegar a acordo com os privados. Mas eu defendo que os bancos e os consórcios concessionários devem participar, ao lado do povo, no saneamento das contas públicas", argumenta"

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

UE dá mais tempo para concluir TGV e terceira travessia

O DN explica-nos que a UE deu mais tempo para gastar os fundos comunitários. Ou seja, aquela desculpa de que não dava para perder tempo a pensar porque ainda perdíamos o dinheiro europeu já deixou de servir.

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A Comissão Europeia decidiu hoje alargar o prazo para a conclusão dos projectos pan-europeus de alta velocidade que estão a enfrentar dificuldades devido à crise, entre os quais a terceira travessia do Tejo e a ligação de TGV Porto-Vigo.

O anúncio foi feito por ocasião da publicação da primeira avaliação intercalar de 92 projectos prioritários de infraestruturas das redes transeuropeias de transportes, que revelou que mais de metade deverão ficar concluídos na data prevista, mas outros estão muito atrasados.

Entre os projectos atrasados, Bruxelas decidiu fazer uma distinção entre aqueles que deixaram de ser "credíveis", retirando-lhes os fundos da UE - o que sucedeu a somente 5 projectos -, e os que continuam a ser, sendo-lhes concedidos, regra geral, mais dois anos, até 2015, para mostrarem que são viáveis.

Entre estes projectos "credíveis" mas que estão a sofrer atrasos encontram-se a terceira travessia do Tejo, e a secção transfronteiriça "Ponte de Lima-Vigo" do TGV "Porto-Vigo".

Em relação à terceira travessia do Tejo, com conclusão prevista para final de 2013, a Comissão conclui que a implementação do projecto ainda não teve início, pelo que é mais realista apontar a sua conclusão para final de 2014, mas indicando que tal só será praticável se o contrato de concessão for assinado até fim de Junho de 2011.

Relativamente à ligação de Ponte de Lima até à fronteira com Espanha, o estudo aponta que a implementação do projecto, que deveria ser concluído em 2013, está "significativamente atrasada", considerando ser possível (e autorizando) a sua conclusão até 2015, mas também neste caso se forem escrupulosamente dados alguns passos, tais como a emissão da licença ambiental até final do corrente ano.

Já quanto à secção transfronteiriça "Évora-Mérida" do TGV "Lisboa-Madrid", a Comissão acredita que os trabalhos deverão ficar concluídos, como previsto, até Dezembro de 2013, apesar da conjuntura financeira difícil. "

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A TTT anda nas negociações do orçamento de Estado

Diz-nos o Público que uma das propostas do PSD se relaciona com a TTT. Aqui está a notícia:

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Os encargos com as parcerias público privadas (PPP) para 2011 atinge os 849 milhões de euros, mas não é tanto nesta factura que o PSD se propõe mexer. A proposta do PSD passa pelo travão definitivo em todas as parcerias que ainda não estão contratadas, mesmo que já tenham concursos e projectos em andamento. No imediato, enquadram-se nesta proposta "os grandes projectos de obras públicas", como o projecto de construção da terceira travessia do tejo (TTT) e o concurso para a construção do novo aeroporto de Lisboa. São investimentos que, juntos, ultrapassam os cinco mil milhões de euros, mas nenhum tem impacto orçamental previsto para o próximo ano.

O projecto do novo aeroporto tem o estudo de impacto ambiental praticamente concluído, mas nada avançou em termos de concurso. A TTT já tinha um concurso na fase final, mas foi recentemente anulado, prometendo o Governo lançar um novo no prazo de seis meses. Se ceder ao PSD, não o irá lançar, mas terá sempre de pagar uma indemnização aos concorrentes. As contas ainda não estão feitas, mas, pelo menos, terá de pagar todas as despesas dos três concorrentes que participaram no concurso - e que ascenderão às centenas de milhares de euros.

A anulação da TTT reforça a posição dos detractores da alta velocidade, que insistem não fazer sentido construir alta velocidade para esta ficar no Poceirão. O contrato da PPP entre Poceirão-Caia foi assinado em Maio e ascende aos 1359 milhões de euros. Mas ainda não recebeu visto do Tribunal de Contas - o contrato foi retirado pela Rave, para ser reformulada numa tentativa de evitar o chumbo
"

Mais um esforço e a TTT fica na gaveta, e com isso o tabuleiro rodoviário que é o que em minha opinião está mesmo errado. Mas preocupa-me a tal indemnização aos concorrentes da TTT...

domingo, 3 de outubro de 2010

De acordo com o Código dos Contratos Públicos, o novo concurso para a TTT tem de ser lançado até 17 de Março

Agora já compreendemos melhor a pressa dos 6 meses. Aconselho a leitura da notícia do Diário Económico que agora transcrevo:

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O Governo será obrigado a lançar o novo concurso para a construção e exploração do troço de TGV entre Lisboa e o Poceirão até 17 de Março, mesmo com a crescente crítica dos partidos da oposição e do congelamento do investimento público, anunciado esta semana no âmbito do novo pacote de austeridade.

Essa imposição decorre do Código dos Contratos Públicos (CCP), que estipula que quando um concurso público não é adjudicado depois de se terem invocado "circunstâncias imprevistas", é obrigatório "dar início a um novo procedimento no prazo máximo de seis meses a contar da data de notificação da decisão de não adjudicação".

O despacho conjunto dos ministros das Obras Públicas e das Finanças, respectivamente, António Mendonça e Teixeira dos Santos, a anunciar oficialmente a anulação do primeiro concurso para o troço de alta velocidade entre Lisboa e o Poceirão, data de 10 de Setembro, mas só foi publicado em Diário da República a 17 do mês passado. Seis meses depois, a 17 de Março será, portanto, a data-limite, para estar em marcha o novo concurso para este troço de TGV, que inclui a Terceira Travessia sobre o Tejo.

Nesse despacho, a decisão de anulação do primeiro concurso é justificada com o facto de, "após a data de lançamento do concurso público internacional da ‘Concessão RAV Lisboa-Poceirão' se verificou uma significativa e progressiva degradação da conjuntura económica e financeira de Portugal".

"O aumento dos custos de financiamento, em virtude da conjuntura económica, implicaria, à semelhança do já verificado em outros projectos de concurso de concessão de obras públicas de infra-estruturas de transportes, um agravamento das condições das propostas dos concorrentes para além dos limites admitidos pelas normas que regulam o procedimento concursal", acrescenta o referido despacho.

O argumento legal que serviu ao Governo para anular o primeiro concurso obriga-o igualmente a lançar o segundo no espaço de seis meses a partir da data daquele despacho, independentemente das críticas e dos constrangimentos financeiros, sob pena do pagamento de eventuais indemnizações aos consórcios privados.

Uma forma de mitigar o esforço financeiro desta Parceria Público-Privada (PPP) foi concebida pela Rave, empresa pública responsável pelo projecto nacional de alta velocidade. Enquanto no primeiro concurso estava previsto um total de cerca de 170 milhões de euros de financiamento comunitário, para a segunda versão deste concurso, a RAVE e o Governo decidiram alocar verbas já aprovadas pela União Europeia para as linhas TGV de Lisboa-Porto e Porto-Vigo. Estes fundos serão perdidos se não forem gastos até 2015 e são exclusivamente destinados à alta velocidade. Como as duas linhas foram adiadas, optou-se por redireccionar essas verbas, de 430 milhões, para este troço de TGV sobre o Tejo, que, assim, terá um financiamento comunitário de cerca de 600 milhões de euros. No final o esforço do Estado e/ou Refer será de apenas 100 milhões de euros.

Aeroporto parado dois meses

Entretanto, outro grande projecto de obras públicas lançado por José Sócrates continua igualmente envolto em dúvidas. Depois de se ter concluído na semana passada a fase inicial de consulta pública para a Declaração de Impacto Ambiental, o processo sofreu novo desenvolvimento na passada quinta-feira com a Assembleia da República a suspender o decreto-lei que enquadra a lei de bases de concessão da ANA. Questionado pelo Diário Económico, fonte oficial do Ministério das Obras Públicas explicou apenas que o referido decreto-lei "será reposto em vigor no dia 8 de Dezembro de 2010". A oposição teme que se transforme um monopólio público num privado e quer separa a gestão dos diversos aeroportos nacionais, até 8 de Dezembro não haverá qualquer alteração, ficando o processo em banho-maria por mais dois meses. Também aqui não deverão ser conhecidas grandes novidades antes de 2011"
Fonte

domingo, 19 de setembro de 2010

Concurso da terceira travessia anulado

As notícias não faltam. Basta fazer uma pesquisa no google. Por isso, penso que não se justifica colocar aqui um monte de links.

Mas, afinal, qual foi a novidade? Já lá vão uns meses que o Governo tinha anunciado esta decisão...
A novidade foi a formalização da anulação do concurso.

Que outras novidades podemos tentar perceber das notícias? (porque no site do ministério não encontrei nenhum comunicado). Ora bem, aqui vão algumas:
- O consórcio que tinha apresentado a melhor proposta ficou zangado e ameaça com tribunal.
- Parece que o projecto pode sofrer algumas melhorias técnicas que permitem poupar algum dinheiro. Tantos estudos, tantos estudos e afinal ainda há coisas para melhorar....
- Parece que vai ser possível concentrar fundos comunitários, que se perderiam porque outros projectos foram cancelados/adiados, reduzindo-se assim a necessidade de financiamento da banca (onde o dinheiro é pouco e caro!).
- O Governo quer lançar novo concurso até final do ano

Os meus comentários:
- Tantos estudos e ainda é possível melhorar??? Se calhar, afinal também é possível concluir que o tabuleiro rodoviário não é boa solução!
- O financiamento comunitário vai ser significativo....ora então está na hora de contactar a Comissão Europeia e tentar explicar-lhes que o tabuleiro rodoviário não é grande solução...talez eles ainda se lembrem da Ponte Vasco da Gama.
- Até ao final do ano o tempo é muito pouco...temos de nos despachar e aproveitar esta janela.

Alguém tem comentários? Ideias? Reclamações? Venham daí!

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Uma petição em defesa do transporte colectivo

Enviaram-me uma petição que considero interessante e está em linha com o que defendo. Por isso, aqui a divulgo.

A petição defende a criação de mais corredores bus em Lisboa, como medida de dar prioridade ao transporte colectivo.

http://www.peticaopublica.com/?pi=BUS2010

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Obras do TGV Caia-Poceirão só em 2011

A Lusa informa-nos:

"TGV: Obra física do Poceirão-Caia só começa em 2011 - Consórcio
01 de Setembro de 2010, 06:50
Lisboa, 01 set (Lusa) -- O consórcio Elos, responsável pela construção do troço de alta velocidade ferroviária Poceirão-Caia, já está a trabalhar no terreno, mas a obra física só começa no início de 2011, enquanto o contrato aguarda aprovação do Tribunal de Contas.

Em declarações à agência Lusa, o diretor-geral da concessionária Elos, Pinho Martins, disse que decorrem trabalhos de prospeção geotécnica e geológica desde a assinatura do contrato de concessão, em maio.

A concessionária está a fazer o anteprojeto, ao qual se seguirá o projeto de execução e fase de expropriações, explicou o responsável."


Ainda há tempo para se discutir a TTT, em especial a questão da rodovia!

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Viver na Margem Sul - a opinião de um leitor

Um leitor deixou-nos um comentário ao post "Quanto custa morar na margem sul, na região de Alcochete, e vir todos os dias para Lisboa?" que considero muito interessante. Obrigado pela participação.

Pareceu-me interesante trazer à primeira página o comentário, nomeadamente na esperança de que mais leitores participem.

"Anónimo disse...
Mudei-me para Alcochete. Tenho vindo de carro mas deixo-o perto da Gare do Oriente. As cidades estão cada vez mais incompurtáveis para nos deslocarmos de carro. O passe da TST custa 60€ só para atravessar a ponte Vasco da Gama. Baralhando e concluíndo, e como já foi dito aqui atras, nenhum dinheiro do mundo paga a alteração de hábitos e iniciativa própria de mudarmos de vida. Alcochete é considerada uma das zonas de melhor qualidade de vida em PORTUGAL. Agora verifiquem porquê, procurem por vcs próprios. Encontrem um local numa area de 70kms em redor de Lisboa com melhor qualidade de vida. Agora sei do que falo e mesmo que gastásse mais ou menos dinheiro e fizésse contas ao detalhe, nada iría mudar a minha opinião. Vale a pena mudarmos, gerir as nossas vidas da melhor maneira, criando prioridades onde elas antes não existiam. É a melhor Equação da Vida que se pode fazer.
Ex-Alfacinha
10 de Agosto de 2010 02:30 "


Resolvi pedir-lhe que nos explicasse melhor o que apreciava em Alcochete. E aqui está a resposta:

"Anónimo disse...
Olá Pedro
A questão tem a ver com hábitos e rotinas de vida a que estamos habituados e que de repente são alteradas. Essas alterações, no meu caso, são profundas. Morei muitos anos na zona da "famosa" Lapa junto a Santos. Uma zona considerada nobre da cidade. De nobreza está o povo cheio e esquecemo-nos de coisas tão essenciais e normais como viver numa zona quase plana, onde não temos problemas de estacionar um carro, onde podemos fazer tudo ou quase tudo a pé, onde nos podemos deslocar de bicicleta pela natureza ou molhar um pé na praia dos Moinhos num fim de tarde de trabalho, onde a simpatia e a hospitalidade das pessoas me são estranhas em comparação com a bestialidade humana que as próprias cidades constroem, onde quase me esqueço de usar o travão no regresso a casa ou a caminho do trabalho porque os somáforos e o constante para-arranca, a constante degradação dos pisos das estradas que me eram familiares.quase não existem, onde não fico horas numa fila na caixa de um supermercado porque ainda estão relativamente vazios, onde descubro aves e pássaros que os conhecia apenas da tv ou das idas ao zoo, onde os healths-clubs, piscinas, zonas verdes e a imensidão de uma vista deslumbrante dos por de sol tendo por base a Lisboa da qual não me separei mas que a vejo com alguma simpatia e esperança que um dia se renova e me dê provas que se pode ter uma vida agradável como em muitas cidades europeias têm o previlégio de ter. O preço que se paga por uma casa do outro lado da margem, independentemente da margem, é incomparávelmente comparável. Pagar um T2 por 200 mil € quando se pode ter um T3 por 140 mil € e apreciar um fantástico pôr do sol todos os dias, de um lugar onde ainda há lugar para todos, é irremediavelmente inigualável.
26 de Agosto de 2010 07:12 "


Compreendi perfeitamente a resposta e concordo com praticamente todos os argumentos. Mas lembrei-me imediatamente de uma outra pergunta:
Não seria melhor ususfruir de tudo isto e ter um bom transporte público colectivo para vir trabalhar a Lisboa?
É isto que defendo. Em vez de gastarmos o dinheiro num novo tabuleiro rodoviário, vamos antes gastá-lo a melhorar os transportes colectivos, permitindo que as pessoas de Alcochete, do Barreiro, etc...possam vir para Lisboa sem terem de perder tempo, dinheiro e qualidade de vida nos engarrafamentos. No post "Onde podia ser gasto o dinheiro do tabuleiro rodoviário?" estão alguns números.

Quanto aos defeitos que aponta a Lisboa...moro por cá, deste lado, e bem os conheço! Mais um melhor local para investir dinheiro público do que a construir tabuleiros rodoviários.

Mais alguém quer participar?

domingo, 4 de julho de 2010

Eles falam, falam...

O Secretário de Estado dos Transportes efectuou uma intervenção sobre a terceira travessia do Tejo em Lisboa (TTT) nas Conferências do Beato.
Da intervenção, que é relativamente longa, destaco três parágrafos sobre a componente rodoviária (e pouco mais se diz sobre esta componente):

"Aparentemente contraditória com a preocupação em relação ao congestionamento foi a decisão de avançar na TTT com um tabuleiro rodoviário. Contudo, à semelhança da componente ferroviária convencional, também esta componente rodoviária constitui um missing link, uma ligação em falta, pois o corredor Lisboa-Barreiro-Moita-Seixal é o único que actualmente não está servido por uma acessibilidade rodoviária directa. Da mesma forma, destaco a relevância desta nova ligação rodoviária no contexto da localização do Novo Aeroporto de Lisboa na margem esquerda do Tejo, mais precisamente na zona do Campo de Tiro de Alcochete.

A este propósito, o Estudo de Impacte Ambiental da Terceira Travessia do Tejo, datado de Setembro de 2008, conclui que a implementação da componente rodoviária na TTT respeita as boas práticas de integração do alargamento de oferta rodoviária, com o reforço relevante do sistema de transportes públicos, conseguido com a criação de novos serviços ferroviários de excelência e com a melhoria e reforço da generalidade dos existentes, permitindo simultaneamente um forte estímulo ao desenvolvimento socioeconómico gerado por essa componente rodoviária.

(...)

A integração do modo rodoviário na TTT deverá ter igualmente efeitos positivos complementares na promoção do sistema urbano policêntrico do arco ribeirinho, isto é, dos seus centros urbanos como uma rede articulada e complementar, e na reconversão das áreas industriais, em conjunto com a ligação Seixal-Barreiro e outras ligações próximas da amarração Sul, como o IC32, que asseguram o acesso aos núcleos urbanos principais."

Aqui ficam os meus comentários sobre estes três parágrafos:

- Então a componente rodoviária é justificada por se tratar de um missing link? Mas então, porque não fazer uma ponte rodoviária entre o Montijo e o Beato, e entre o Barreiro-Seixal-Cacilhas-Santos e Algés-Trafaria e Porto Brandão-Junqueira...tudo isto não são missing links? Que boa justificação!

- Por acaso li atentamente a avaliação ambiental estratégica do novo aeroporto e não me lembro de ver associados ao aeroporto os impactes ambientais da componente rodoviária da TTT...se afinal a TTT é para servir o aeroporto, assim devia ser. E, já agora, quando se comparou a Ota com o Campo de Tiro em Alcochete, era melhor ter também sido considerado o custo de parte da componente rodovária da TTT. Será que a opção tinha sido a mesma?

- Quanto às conclusões do Estudo de Impacte Ambiental (EIA) da TTT referidas no segundo parágrafo...é que também li atentamente o EIA em causa e nunca lá encontrei isto justificado. Alguém me pode dizer a página? É que sobre isto não me esqueço do que disse a Comissão Independente para a Componente Rodoviária da Terceira Travessia do Tejo em Lisboa no Corredor Chelas/Barreiro - "A Comissão considera que (…) a introdução do modo rodoviário na Terceira Travessia do Tejo é justificável, tendo em atenção as seguintes restrições fundamentais: (...)(iv) imposições de restrições à mobilidade rodoviária na TTT.”.

- Quanto ao terceiro parágrafo...é tão geral e abstracto que poderia servir em muitos contextos. Que estudos provam isto? Enviem-me, por favor, esses estudos e a indicação das páginas.

Sabem o que vos digo...

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Sobre transportes públicos colectivos

Aconselho a leitura de uma interessante entrevista a Mário Alves, no Público.
Destaco:
"Então em que é que Portugal está a falhar?

São décadas de falta planeamento estratégico de longo prazo, de definição exacta do que se pretende com o Serviço Público de Transportes. Faltam autarquias regionais que definam estratégias coerentes de transporte e mobilidade a nível metropolitano - a autarquia metropolitana de Madrid tem feito um trabalho notável a este nível. Existe muita navegação à vista e nada articulada entre operadores, com competição entre modos de transporte que deviam trabalhar em complementaridade. Assim como muita falta de coragem política para restringir o uso do automóvel.
"

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Secretário de Estado dos Transportes foi ao Barreiro...

O Secretário de Estado dos Transportes foi ao Barreiro e parece que a TTT foi tema de conversa. Encontrei um conjunto de notícias no Blog LisboaLisboa.

Como quase em todos os textos, misturam-se as várias componentes da TTT.

domingo, 13 de junho de 2010

Desenvolvimento...

Dou comigo por vezes a pensar o que é desenvolvimento. A propósito das ditas grandes obras é muito habitual ouvir-se dizer que contribuem para o desenvolvimento de uma região.

Hfrsantos deixou um comentário num post que me deixou novamente a pensar, e por isso lhe agradeço.

Ora vejam lá se isto, que descrevo a seguir, não é desenvolvimento: sair de casa em direcção ao trabalho (e para isso é preciso ter um emprego!) e, no caminho, utilizando um transporte colectivo, ainda conseguir ler umas páginas de um livro, ou tão somente as gordas de um jornal do dia; Ao final do dia conseguir regressar cedo a casa, ou seja, com tempo para estar com a família. Por exemplo, sair de casa a pé e ir até um espaço verde perto de casa e dar uns toques numa bola, com o miúdo mais novo ou até com um vizinho. Ah…e no caminho para casa ainda deu tempo para ler mais umas páginas do tal livro; Ao fim de semana, entre as inevitáveis tarefas domésticas, ter um espaço perto de casa para voltar a passear, praticar desporto, o que apetecer; etc, etc.

Bom…, isto são só alguns exemplos. Em minha opinião, as políticas públicas devem encaminhar a sociedade neste sentido, e não no outro. Qual outro? Aquele em que perdemos 2 horas nos transportes para ir e vir para o emprego (seja no nosso carro ou pendurado num mau transporte colectivo), em que chegamos tarde a casa e sem tempo e paciência para mais nada. Em que, ao fim de semana, para ir passear a algum lado nos apinhamos em mais filas de automóveis…..

Sei que isto demora, que não é de um dia para o outro, mas é preciso caminhar no sentido certo.

Hfrsantos diz-nos que “Lisboa tem de ter um projeto de futuro, uma direcção.” Pois eu proponho um projecto diferente, como já viram. Prefiro sonhar noutra direcção.

Hfrsantos descreve-nos melhor o tal projecto:
“Na Margem Sul nascerão novos projetos imobiliários com vista privilegiada para Lisboa a 10 minutos do centro de Lisboa”

A 10 minutos de Lisboa? Mas como? Já não existem casas suficientes na zona de Alcochete que dizem ser a 10 minutos de Lisboa? Mas, afinal, são a 30 minutos de engarrafamento…da 2ª circular, em Sacavém…faltando mais outros 30 minutos até ao centro de Lisboa. Não é melhor promover a reconversão urbana no centro de Lisboa (e mesmo em zonas não tão centrais) do que construir novo e aumentar a pressão sobre o Estuário do Tejo, uma zona ambientalmente sensível? Não é melhor requalificar algumas frentes Tejo, permitir que as pessoas as usufruam, do que fazer crescer novas frentes? A população residente, incluindo na Área Metropolitana de Lisboa, tem crescido pouco…e Lisboa cidade continua a perder pessoas.

Eu, por mim, prefiro, para além da reconversão, até ocupar algumas zonas ainda com espaços em Lisboa, densificando a cidade, mas deixando espaços de lazer, construindo uma cidade para as pessoas. Claro que algumas das zonas onde passeámos com o Street View do Google podem/devem ser ocupadas com novos usos. Concordo, desde que se aproveitem esses espaços para colmatar algumas das carências de Lisboa, de que são exemplo os espaços de lazer, muitas vezes os pequenos espaços de lazer. E, já agora, deveremos preservar a memória do local, incluindo a memória industrial.

Hfrsantos diz-nos também “Construir-se-ão (na margem Sul) marinas para yates e escolas de yates e hotéis de luxo para passageiros de yates e paquetes de luxo”

Por acaso já reparam que a Marina do Parque das Nações está vazia? Já reparam nos muitos lugares vagos que há na Doca de Sto amaro? Então, para quê pensar em fazer mais? Porque não fazer pequenos hotéis (incluindo de luxo) na zona histórica de Lisboa. Porque não permitir que os turistas que chegam a Sta Apolónia de paquete possam partir para uma volta turística por Lisboa, seja a pé ou de bicicleta. Convenhamos que hoje sair a pé de Sta Apolónia não é muito agradável.

Concordo com hfrsantos quando diz que “Lisboa tem de aproveitar mais o turismo relacionado com o mar”. Sim, claro que sim. Não me esqueço de ver em Barcelona os turistas pagarem (e bem!) por uma volta de 15 minutos no porto de Barcelona. Porque não vejo eu no Tejo os turistas passear? Há alguns, mas poucos. O nosso Tejo, aqui na zona de Lisboa, permite até passeios de natureza, em direcção à reserva natural. O que falta?

O que falta para o rumo que eu gostaria que Lisboa e a sua área metropolitana tomasse? Não sei bem, faltam muitas coisas. Mas de uma coisa tenho a certeza, não falta gastar 500 milhões de euros num tabuleiro rodoviário!

sábado, 5 de junho de 2010

Um passeio por onde querem fazer passar a ponte

A zona oriental (Chelas, Marvila, Beato) é um espaço estranho em Lisboa, que pouca gente conhece, meio esquecido.
Pois é por lá que querem fazer passar a terceira travessia.
O Google permite coisas maravilhosas, como passear por Lisboa sentado ao computador (o que, de modo algum, substitui o prazer de um belo passeio a pé pela cidade!).
Resolvi assim "dar uma volta" pela zona onde querem fazer passar a ponte. Primeiro pela Calçada do Grilo...

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Ou então, por aqui, pela Azinhagada das Salgadas

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E agora pela Rua de Cima de Chelas

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E, já agora, uma fotografia que mostra que de 1969 para agora pouco mudou por aqui...mais uns carros!


Bom passeio!

sexta-feira, 4 de junho de 2010

As frases que me arrepiam!

Hoje encontrei uma notícia sobre a terceira travessia. Lá pelo meio as seguinte frases arrepiaram-me:

"Houve promessas e expetativas e é intolerável que de um momento para o outro se ponha em causa um plano de desenvolvimento e os investimentos."

"Construir depois a vertente rodoviária ficará muito mais caro"

E pergunto eu - Qual plano de desenvolvimento? Alguém o viu? Alguém me pode enviar esse plano por email? E, já agora, "contruir depois" porquê? Para quê?

Estas frases são de um deputado do PCP. Mas, em minha opinião, podiam ser de um deputado de qualquer partido. A ideia de que a obra, pela obra, resolve questões não é uma característica de nenhum partido, infelizmente.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

O TGV fica na margem Sul por causa do Mourinho...

Afinal está explicado porque fica o TGV na margem Sul...a culpa é do Mourinho.
Mesmo quando falamos de muitos milhões, é sempre útil o bom humor.
Aqui fica o Portugalex, da Antena 1.
PORTUGALEX - Humor Antena 1 - Multimédia RTP

sábado, 29 de maio de 2010

Transporte colectivo ou transporte individual – um caso prático.

No outro dia um amigo elogiava o metro de Lisboa, referindo-se especificamente ao prolongamento da Linha Vermelha, da Alameda ao Saldanha.

O GEOTA há vários anos que defende a densificação do metro em Lisboa como uma das medidas necessárias para melhorar a mobilidade em Lisboa e Grande Lisboa. Uma boa rede de metro em Lisboa facilita que mais gente venha para Lisboa de transporte colectivo.

Resolvi fazer uma espécie de inquérito ao meu amigo para comparar as duas opções.
O meu amigo mora no Parque das Nações, perto de Moscavide. Desloca-se, diariamente, para a zona do Saldanha.


Opção A – Carro

Custo em gasóleo – 42 €/mês
Custo de estacionamento (parque) – 130 €/mês
Custo total – 172 €/mês (não estou a considerar os muitos outros custos de ter carro!)
Tempo demorado – 50 minutos por dia, ou seja, aproximadamente 18,3 horas/mês


Opção B – carro até Metro dos Olivais + Metro

Custo em gasóleo – 12 €/mês
Custo do Metropolitano – 18 €/mês
Custo total – 30 €/mês
Tempo demorado – 10 minutos até ao metro + 20 minutos de metro, ou seja, cerca de 22 horas/mês


Tabela comparativa das duas opções


Diz o meu amigo que em termos de stress não há comparação – o metro ganha e de longe!

Mas, pode haver um senão…muitas empresas pagam combustível ou o parque…truques fiscais!


As minhas conclusões:

- Para que não restem dúvidas que o transporte colectivo é mais competitivo, convinha que o tempo fosse igual ou menor. Quando o metro chegar a Moscavide a situação melhora.

- O meu amigo podia ir de bicicleta até à Estação do Oriente. Fazia-lhe bem e parece-me que ganharia tempo. Quando experimentas? (eu posso emprestar uma bicicleta barata para ficar amarrada lá na Estação).






quinta-feira, 27 de maio de 2010

Quanto custa morar na margem sul, na região de Alcochete, e vir todos os dias para Lisboa?

No outro dia conversava com um conhecido e a conversa acabou por fugir para a mobilidade na Área Metropolitana de Lisboa, o custo das deslocações, etc, etc. Sim, é verdade, talvez eu tenha forçado o tema!

Este meu conhecido mora na margem Sul e queixava-se que, afinal, se calhar tinha valido mais a pena comprar uma casa em Lisboa, do que pagar portagens e gasóleo diariamente, a que se soma o tempo perdido.

Com este mote, resolvi fazer as contas. Pressupostos:
- Carro ligeiro, utilitário, bastante eficiente e a gasóleo – 5 l/100 km; 98 g/km de CO2
- Distância diária (Alcochete – Saldanha – Alcochete) – 72 km
- Custo da portagem na Ponte Vasco da Gama – 2,1 € (contei com 10% de desconto do Via Card)
- Preço do gasóleo – 1,2 €/l

Fazendo as contas, obtenho um encargo mensal de 141 euros e 158 kg de CO2.
Nos cálculos anteriores só considerei o custo marginal, ou seja, estou a esquecer-me dos custos do carro, das manutenções, do seguro, etc, etc. Penso que a maioria das pessoas, que já tem o carro à porta de casa, é assim que faz as contas.
Mas, se pretendesse incluir o custo total, talvez não seja uma má aproximação utilizar o valor do custo por km pago na função pública (0,40 €/km). Ora, feitas as contas assim, o custo mensal passaria para 634 euros!

Saber se estes valores são altos ou baixos é uma tarefa complicada, dependente de muitos outros factores, tais como o orçamento disponível do utilizador do carro, a necessidade do carro para outras deslocações durante o dia, etc, etc. O que faz mesmo falta é contabilizar o número de horas perdidas (a fazer de motorista do próprio) e o tempo que se podia ganhar se os transportes colectivos funcionassem bem. Ora reparem, desconfio que uma pessoa no trajecto indicado (Alcochete – Lisboa) gasta, por dia, cerca de 2 horas. Com transportes colectivos decentes talvez pudesse poupar 45 minutos! Muito? Pouco? No final do mês seriam 16,5 horas! Ora, se no fim-de-semana dormirmos 16 horas, restam-nos 32 horas, ou seja, as 16,5 horas poupadas correspondem a ter mais um dia de descanso por mês!

Que tal retermos estes números. Se o transporte colectivo para a margem Sul for melhor, talvez o meu conhecido pudesse ganhar, num mês:
- Entre 140 a 630 euros
- 1 dia de descanso extra
- Menos 158 kg de CO2 na sua pegada ecológica.


segunda-feira, 17 de maio de 2010

Afinal, onde é o Poceirão?

Nos últimos dias algumas pessoas me têm pergunta - onde, afinal, é o Poceirão?
Por acaso passei lá algumas vezes. Ficava no caminho de um truque que utilizava para, vindo do Sul, fugir ao trânsito da estrada para Setúbal. Isto, claro está, quando a A2 ficava em Setúbal. O desvio começava ali para os lados de Águas de Moura.
Ora aqui está um mapa

Ver mapa maior

Procuram uma imagem do Poceirão? Sugiro um salto ao Bic Laranja, tem lá uma bem bucólica!

sábado, 15 de maio de 2010

Eu bem disse para não baixarmos as guardas

Já estu cansado destas notícias e contra notícias.
A SIC diz-nos agora que a ponte avança daqui a 6 meses e que é rodo-ferroviária.

Governo anula concurso da terceira travessia

Ora aqui temos uma boa notícia. Se depois for lançado novo concurso, então que o seja sem o tabuleiro rodoviário, espero eu! Há mais esperança, mas nada de baixar as guardas!

Notícia no site da RTP.
"
O Governo vai anular o concurso para a terceira ponte sobre o Tejo, invocando a alterações de condições técnico-financeiras. De acordo com Correia da Fonseca, secretário de Estado dos Transportes, novo concurso será lançado dentro de meio ano, permitindo desse modo recuperar para o projecto da travessia verbas que estavam perdidas com a suspensão das linhas de TGV Lisboa-Porto e Porto-Vigo.
Em declarações à Agência Lusa à margem da assinatura de um memorando de entendimento entre o Estado e a Siemens Portugal, Correia da Fonseca explicou que a anulação do concurso era permitida pelo facto de haver "alteração das condições" de carácter técnico e financeiro "que existiam à data do concurso".
Por outro lado, o governante acrescentou que um novo concurso permitira ao Estado português baixar os custos da nova ponte sobre o Tejo mediante o aumento da comparticipação comunitária, ao serem redireccionadas verbas em vias de se perderem com o adiamento dos troços de TGV Lisboa-Porto e Porto-Vigo.

"Os fundos comunitários que estavam previstos para o projecto de alta velocidade Lisboa-Porto e Porto-Vigo iriam ser perdidos devido ao facto de ser adiado por dois anos. Para não perdermos (o dinheiro) vamos utilizá-lo na terceira travessia", explicou Correia da Fonseca.

Indemnização dos concorrentes colocada de parte

No que respeita a uma eventual indemnização do Estado aos consórcios que concorreram à terceira travessia, trata-se de uma hipótese que não se colocará se o concurso for relançado no espaço de seis meses, defende o governante.

"O que teríamos de fazer era pagar o custo de elaboração das propostas, mas se relançarmos o concurso em seis meses, nem isso teremos de pagar. Essa é a minha expectativa", apontou o secretário de Estado.

Contas do Governo apontam ganho de 330 milhões de euros

Com o relançamento do concurso, sublinhou à Lusa Correia da Fonseca, a terceira travessia do Tejo será encarada "numa nova base, com menos impacto sobre as contas públicas", fruto do redireccionamento das verbas comunitárias e também da alterações de questões técnicas "que permitem embaratecer a obra".

"O custo da nova ponte sobre o Rio Tejo era de dois mil milhões de euros, mas só tinha 170 milhões de euros de fundos comunitários", afirmou o governante, explicando que, com a anulação do concurso e a recuperação de fundos antes atribuídos ao TGV, a parcela comunitária aumenta para 500 milhões. "

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Afinal, em que ficamos com a terceira travessia?

Confesso que estou baralhado. A TTT parou mesmo? Não vai haver ponte, para já? O TGV fica no Poceirão? Ou será que "caiu" a rodovia? Ao almoço perguntam-me e eu nem sei que dizer!
Está decidido, vou propor à Direcção do GEOTA que se escreva ao ministro da tutela a perguntar.
Mas, pelo vistos não sou o único a estar baralhado. O António Costa (que até telefona ao primeiro ministro, segundo diz a notícia), também parece baralhado.
De notícia do Sol.

"Defensor da travessia ferroviária, o autarca aproveitou também para avisar Sócrates que iria faltar à reunião do Secretariado do PS, que se realizou segunda-feira à hora do almoço.
Nesse dia, Costa afirmou em público que «não se percebe bem se o Governo só alterou calendários ou se decidiu reponderar o conjunto do projecto e se até admite soluções alternativas».
«Ora, as soluções alternativas que têm vindo a ser referidas são inaceitáveis, não são sérias, não são credíveis e não assegurariam a ligação do país à rede europeia de alta velocidade nem permitiria a deslocação do aeroporto para a Margem Sul do Tejo», argumentou o autarca, que defendia a construção do novo aeroporto internacional de Lisboa na Ota e não em Alcochete."

terça-feira, 11 de maio de 2010

António Costa sustentou que o Governo tem sido pouco claro sobre o adiamento da Terceira Travessia do Tejo

"António Costa sustentou que o Governo tem sido pouco claro sobre o adiamento da Terceira Travessia do Tejo, pelo que, anunciou, a Junta Metropolitana da capital vai pedir uma audiência urgente ao Governo sobre esta questão."

Notícia do CM.

Ora não posso estar mais de acordo sobre a confusão. Não querendo estar aqui a defender a rede de alta velocidade, não me parece que faça sentido nenhum a estação central da rede de alta velocidade ser no Poceirão! Só posso entender o "adiamento" como o adiamento da componente rodoviária. Será? Alguém consegue perguntar ao Ministro das Obras Públicas ou mesmo a José Socrates?

sábado, 8 de maio de 2010

Sócrates admitiu ainda adiar grandes investimentos públicos como o novo aeroporto e a terceira travessia do Tejo

"Sócrates admitiu ainda adiar grandes investimentos públicos como o novo aeroporto e a terceira travessia do Tejo, de modo a atingir a nova meta de redução do défice, anunciada pelo primeiro-ministro aos seus parceiros da Zona Euro."

Notícia DN.

Tenho sempre dúvidas se devo colocar aqui estas notícias. Podem ter um efeito indesejado...convencer quem nos lê que já não é preciso "lutar" contra a componente rodoviária. Para mim, estas notícias são animo para reforçar a luta. Espero pelos comentários para perceber como pensa quem nos lê.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Escola Afonso Domingues extinta para passar a ponte


Uma notícia da SIC. Reparem na afirmação já no fim da notícia - "apesar de haver quem ainda discuta se a ponte deve ou não ter um tabuleiro rodoviário, além da ferrovia, o governo avança mesmo para a obra." Vamos a discutir!




Do site da SIC:

"A SIC tentou por vários meios ouvir o Ministério da Educação, mas sem resultado.

Também o Ministério das Obras Públicas remeteu qualquer explicação para a rede de alta velocidade.

A RAVE confirma que o espaço da escola servirá para passar a linha de alta velocidade e que está a tentar assegurar o futuro dos alunos em conjunto com a direcção geral de educação.

A SIC conseguiu entretanto apurar que o primeiro troço do TGV vai ser adjudicado no sábado.

A ligação Caia-Poceirão, vai mesmo receber luz verde numa cerimónia pública.

A 28 de Abril, a direcção da escola foi surpreendida por este ofício do Ministério da Educação.

O Director Regional de Educação de Lisboa informou que a secundária Afonso Domingues foi extinta a 23 de Março por despacho do Secretário de Estado da Educação. A razão do encerramento é dada também no documento: nos terrenos da escola vai passar a linha de alta velocidade.

Se dúvidas ainda restassem sobre as intenções do Governo estão agora desfeitas com a ordem de despejo da escola.

Professores, funcionários e alunos têm de abandonar o edifício até 31 de Agosto.

Contactada pela SIC, a direção da Afonso Domingues não quer comentar o assunto. As preocupações são relatadas pelos alunos. "Esta escola éo único curso nas redondezas, só há também Alverca, de laboratório. Este ano dizem que a escola vai fechar(...) eu estou preocupada com o meu segundo ano, porque eu quero acabar o 9º ano e não sei em que escola é que vou acabar" explica uma das alunas.

"Na nossa escola há pessoas de Odivelas, Amadora, Queluz, Mafra. Ir para Alverca é impossível, é muito longe, não vai dar para acabar o curso. Nós só queremos mesmo acabar o curso, acabar o estágio e depois vamos embora. Depois podem fechar a escola à vontade" esclarece outra das estudantes.

A Escola Afonso Domingues tem 125 anos Já foi escola industrial, mais tarde escola do ensino unificado e agora é uma secundária com cursos profissionais.

Com capacidade para 600 alunos tem apenas 256 jovens e 94 professores. Nem uns nem outros sabem para onde vão, como atesta a aluna Patrícia Frutuoso "Houve alunos que entraram agora e há certos cursos ofercidos pela escola e não sabem para onde é que vão então querem que a gente continue aqui até se iniciar as obras, é isso".

O local onde está agora a escola é o escolhido para alargar a linha já existente e fazer a insterseção com a futura ponte sobre o Tejo.

A terceira travessia..que vai ligar Chelas ao Barreiro através da linha de alta velocidade.

Apesar dos apelos do CDS-PP e do PSD para refrear o início das obras
apesar de haver quem ainda discuta se a ponte deve ou não ter um tabuleiro rodoviário, além da ferrovia, o governo avança mesmo para a obra.

O governo que no início do ano lectivo instalou quadros interactivos em quase todas as salas, que instalou rede wireless em toda a escola e que colocou um sistema de videovigilância é agora o mesmo governo que, passados poucos meses, extingue a escola Afonso Domingues."

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Participem

Hoje, alguém me dizia algo do género - não tenho escrito lá no blog porque não acredito que a obra se faça, com a questão da dívida pública.
Pois, eu também tenho esperança, mas se nos mexermos a probabilidade pode ser maior, acredito eu.
Leitores- se têm algo a dizer, gastem uns minutos e partilhem.
Obrigado!

sábado, 1 de maio de 2010

O que é a terceira travessia?

Será esta terceira travessia essencial para o projecto do TGV? A verdade é que não.

Desde há uns dias que não se fala de outra coisa – é para parar, é para avançar, é para suspender, é para avançar em parte, etc, etc. A terceira travessia é sempre referida como a “terceira travessia”, nunca sendo explicado o que é.

Assim, pareceu-me que se justificava escrever uma linhas sobre o que é a terceira travessia do Tejo em Lisboa (TTT) no modelo em que foi sujeita a avaliação de impacte ambiental e obteve uma declaração de impacte ambiental favorável condicionada.

A TTT é uma ponte, e respectivos acessos, que ligará a zona de Chelas ao Barreiro e que permitirá (eu acredito que devia dizer antes “permitiria”) o tráfego de:

- Comboios de alta-velocidade, a que nas notícias chamam TGV. Esta rede de alta-velocidade será feita com bitola europeia, ou seja, a distância entre os carris é igual à que existe na Europa, permitindo que os comboios passem para lá de Espanha sem necessidade de mudar de composição.

- Comboios convencionais, permitindo o tráfego suburbano (por exemplo, permitindo que os moradores do Barreiro possam chagar a Lisboa ) e o tráfego nacional (ex. linha do Sul). Esta rede será em bitola ibérica.

- Veículos automóveis.

A ponte terá o seguinte perfil:


Fonte: Resumo não técnico do estudo de impacte ambiental

Em síntese, a ponte, tal como está proposta, são “várias” pontes.

Por isso, não basta dizer que a terceira travessia é para avançar ou suspender. É importante lembrarmo-nos que este projecto tem várias componentes. Embora não esteja com a afirmação seguinte a defender a ligação em alta-velocidade Lisboa-Madrid, a verdade é que é possível manter esse projecto com outra terceira travessia. É possível desenhar uma ponte somente com as duas componentes ferroviárias, poupando-se, no mínimo, 500 milhões de euros.

Alguém tem o email do nosso primeiro ministro, do nosso ministro das obras públicas e lhe pode lembrar isto? Já agora, o melhor é enviarmos também email para os lideres da oposição.

Componente rodoviária da nova ponte sobre o Tejo - Ainda vamos a tempo de evitar um erro!

O Governo anunciou ontem que “A terceira travessia do Tejo em Lisboa, que inclui linhas ferroviárias de alta velocidade e de velocidade normal e rodovia, será decidida depois da avaliação do relatório sobre o projecto, recentemente completado.”

Felicitamos o Governo por repensar este investimento, muito especial a sua componente rodoviária.

Uma vez que vai ser feita uma reanálise, vimos relembrar alguns pontos sobre a componente rodoviária que nos parecem fundamentais:

- A utilidade da nova travessia ferroviária parece ser consensual, embora permaneçam dúvidas sobre múltiplos aspectos da sua concretização: a interligação ao nó ferroviário e estação central de Lisboa, a adequação do traçado, as soluções técnicas, e a oportunidade de dar prioridade a esta obra num contexto de crise económica.

- A componente rodoviária, ou seja, a construção do tabuleiro e acessos que permite a travessia rodoviária, não é um “já agora”.

- Os estudos publicados estimam um custo aproximado de 1000 milhões de euros para a travessia ferroviária Chelas-Barreiro (incluindo acessos mas excluindo o material circulante e custos indirectos); os mesmos estudos estimam o sobrecusto da valência rodoviária em 50 a 70%, ou seja, 500 a 700 milhões de euros adicionais (incluindo acessos mas excluindo custos indirectos em termos de saúde de pública, aumento de tráfego, emissões poluentes e outros). Tomemos como referência um sobrecusto da rodovia de 500 milhões de euros, que a maioria dos especialistas parece considerar verosímil.

- A Lusoponte tem o monopólio de todas as travessias rodoviárias do estuário do Tejo, pelo que a componente rodoviária da TTT teria de ser paga pelo erário público e oferecida à Lusoponte para explorar — não há aqui hipóteses de financiamentos comunitários ou “project finance”, a não ser que o prazo de concessão fosse (ainda mais) estendido;

- Os 500 milhões de euros poupados com a terceira travessia rodoviária permitiriam:

- Evitar mais uma escalada inútil do défice público (500 milhões de euros são aproximadamente 0,3% do PIB);

- Ou ampliar a rede do Metropolitano de Lisboa até 10 km (um aumento de 25%);

- Ou ampliar a rede do Metro Sul do Tejo até 25 km (um aumento de 200%);

- Ou combinações das soluções anteriores.

Em síntese, o GEOTA propõe que a componente rodoviária da terceira travessia do Tejo em Lisboa não seja feita. O montante poupado deve ser utilizado para promover os transportes colectivos, por exemplo desenvolvendo o metropolitano em Lisboa e na margem Sul e para reduzir o défice das finanças públicas.

GEOTA, 30 de Abril de 2010

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Gosto destes "zuns-zuns"

Pode ler-se Jornal de Negócios On-line
" O momento económico que Portugal está atravessar poderá levar o Governo a abrandar o ritmo das obras públicas e até mesmo a alterar alguns projectos, como tornar a terceira travessia do Tejo (TTT) transitável apenas para comboios. É esta a estratégia, apesar de tal não ter sido referido ontem pelo ministro António Mendonça. "

Vamos continuar a insistir - investimentos, só os úteis, por favor. A componente rodoviária da TTT não o é!

quinta-feira, 29 de abril de 2010

A esperança é agora maior!

O Governo anunciou hoje:
"A terceira travessia do Tejo em Lisboa, que inclui linhas ferroviárias de alta velocidade e de velocidade normal e rodovia, será decidida depois da avaliação do relatório sobre o projecto, recentemente completado."
Esperemos que o Governo se lembre que 500 milhões de euros, o custo da componente rodoviária, é muito dinheiro! Esperemos...

terça-feira, 27 de abril de 2010

Défice, PEC, etc, etc...Estou cansado!

Vinha a ouvir na rádio a última sobre as agências de rating, mais as medidas do PEC, etc, etc...confesso que já não tenho paciência para estas notícias e muito menos para a maneira como são dadas...o ataque dos mercados...Enfim!
Estou pior que o Guterres, porque não sei quanto é o PIB português, mas fica aqui a promessa - vou saber e vou dividir os 500 milhões (pelo menos!) que se podiam poupar não fazendo a componente rodoviária pelo PIB e ver quanto dá. Será certamente pouco, mas grão a grão...

domingo, 25 de abril de 2010

Ponte Vasco da Gama – um exemplo a estudar

A Ponte Vasco da Gama é em exemplo a estudar quando se pretende saber o efeito de uma nova travessia rodoviária, uma nova via radial a Lisboa. É certo que há muitos outros factores que mudaram de 1998 para a actualidade, mas vale na mesma a pena analisar o que aconteceu com a Ponte Vasco da Gama.
Vamos então começar por um gráfico. Será que a Ponte Vasco da Gama desviou tráfego da Ponte 25 de Abril? Será que a Ponte 25 de Abril ficou com menos tráfego?


Fonte: RAVE, Steer Davies Gleeve, VTM consultores in Relatório da Comissão Independente Para a Componente rodoviária da Terceira Travessia do Tejo no Corredor Chelas/Barreiro, Outubro 2007


E será que as pessoas têm optado mais pelo transporte individual ou pelo transporte colectivo? É importante lembrar que em 1998 foi inaugurada a via-férrea na Ponte 25 de Abril.
O gráfico seguinte representa a distribuição de transporte individual e transporte colectivo das travessias do Tejo em Lisboa.




Fonte: RAVE, Steer Davies Gleeve, VTM consultores in Relatório da Comissão Independente Para a Componente rodoviária da Terceira Travessia do Tejo no Corredor Chelas/Barreiro, Outubro 2007

Parece-me que as conclusões são relativamente óbvias, mas o melhor é ouvirmos o que diz a Comissão Independente para a Componente Rodoviária da Terceira Travessia do Tejo no Corredor Chelas-Barreiro: (o destaque a carregado é meu)
“- Um contraste significativo entre o transporte individual e o colectivo, diminuindo progressivamente a expressão deste último (por razões certamente diversificadas, que todavia deverão incluir insuficiências reveladas ou percepcionadas em termos de eficácia e de eficiência relativas);
- A significativa relevância do tráfego rodoviário combina-se com uma aparente ausência de efeitos da Ponte Vasco da Gama nos fluxos que utilizam a Ponte 25 de Abril, assinalando-se todavia que em ambas as situações os volumes de tráfego estão razoavelmente estáveis a partir de 2002 (a referida estabilidade, que acompanha a evolução nacional do tráfego rodoviário, será certamente mais influenciada pelo poder de compra e pelo preço dos combustíveis do que por factores metropolitanos ou locais).”


No Relatório de Estado do Ambiente de 2001 (pag. 16), uma fonte distinta da acima referida, pode ler-se: “A implantação de infra-estruturas (como a Ponte Vasco da Gama) teve como efeito intensificar o aumento da população nos concelhos directamente servidos com novas acessibilidades. (...) também a Área Metropolitana de Lisboa continuou a crescer em extensão, consumindo novos territórios rústicos ao mesmo tempo que continuou o processo de desertificação dos centros históricos, contrariando os princípios inerentes e desejáveis a um adequado ordenamento do território e ao desenvolvimento sustentável” (IA, 2002).


Vejamos ainda um outro facto revelado no Relatório do Observatório da Nova Travessia do Tejo em Lisboa - em 1998, Alcochete dispunha de uma área edificável semelhante à área edificada (ONTT, 2001). Aliás, basta atravessar a ponte para ver as novas e extensas urbanizações que entretanto foram crescendo…


Para mim as conclusões são relativamente imediatas: se queremos melhorar as condições de mobilidade nas travessias do Tejo em Lisboa, ou melhor dizendo, melhorar as condições de mobilidade (e qualidade de vida, claro!) das pessoas que diariamente têm de atravessar o Tejo, a solução passa por investir nos transportes colectivos, criando redes eficazes de transportes nas duas margens. É preciso que o transporte colectivo seja acarinhado e sejam criadas restrições ao transporte individual (ex. estacionamento tarifado, zonas de emissões reduzidas, etc.). Isto tudo a par, claro está, com um correcto ordenamento do território.


Parece-lhe que gastar 700 milhões de euros no tabuleiro rodoviário da nova travessia é uma opção inteligente? Não era melhor investir no Metro Sul do Tejo e no Metropolitano de Lisboa? Os 700 milhões de euros dão para significativos investimentos nestas duas infra-estruturas, podendo permitir um aumento de 25% na primeira ou um aumento de 200% na segunda! Mas, muitas outras opções existem, para fomentar o transporte colectivo, a opção certa, digo eu!



sexta-feira, 23 de abril de 2010

EIA – porque não se consegue procurar no PDF?

O Estudo de Impacte Ambiental (EIA) da terceira travessia que esteve à consulta pública era composto pelo Resumo Não Técnico, Relatório Síntese e um conjunto alargado de anexos e peças desenhadas. Só o Relatório Síntese era composto por quatro partes, num total de 1807 página!

Transparência? Pelo menos, quando chegou a tarefa de analisar este estudo, tínhamos matéria de sobra para ler! Perante tal tarefa, havia que fazer uso das ferramentas informáticas, ou seja, algumas das peças teriam de ser lidas mais na diagonal, sendo a ferramenta de pesquisa no PDF uma ajuda preciosa. Pensava eu…

Depois de muitas tentativas, concluí – não era possível a pesquisa no PDF! Porquê? Eu cá prefiro pensar que foi por azar, ou por azelhice…

sábado, 17 de abril de 2010

Que sensação me deixou o Relatório da Comissão Independente para a Componente Rodoviária da TTT no Corredor Chelas/Barreiro

Li com imenso interesse o relatório que acima refiro. Contrariamente ao que é habitual nos estudos técnicos, é um documento sintético (excluindo anexos). É também, ou por isso, fácil de ler, adaptando-se à doença de que todos sofremos – pouco tempo!

No final da leitura, e após ler também os anexos, fiquei com uma grande dúvida – como foi possível chegarem à conclusão que “(…) é viável associar a componente rodoviária à nova travessia ferroviária (…)” [1]? É que lendo os anexos, e os pareceres de vários dos membros da Comissão, não parece possível que a conclusão seja essa.

Mas…esta conclusão parece-me um sim, mas! Ora vamos continuar a ler o que diz o relatório:
“A Comissão considera que (…) a introdução do modo rodoviário na Terceira Travessia do Tejo é justificável, tendo em atenção as seguintes restrições fundamentais: (i) optimização da correspondente solução estrutural, sobretudo no sentido de minimizar os impactos negativos da natureza ambiental, relativos ao ruído, à paisagem, à qualidade do ar e ao espaço urbano e património edificado; (ii)conclusão das vias circulares entre as várias travessias do Tejo; (iii) prossecução do modelo territorial estabelecido no PROT AML e (iv) imposições de restrições à mobilidade rodoviária na TTT.”

Serão estas “restrições fundamentais” realizáveis? Em especial relativamente às duas últimas, tenho imensas dúvidas. Por exemplo, alguém imagina que as portagens vão ser suficientemente elevadas para limitar o uso rodoviário? Já se esqueceram da guerra das portagens na Ponte 25 de Abril?

Isto a mim só me faz lembrar os tempos (felizmente) idos da nossa Selecção de futebol. Ainda era possível irmos ao mundial? Possível era, mas tínhamos de ganhar todos os jogos, a Inglaterra tinha de perder 3 a 0 contra Malta, a França tinha de perder 2 a 0 contra a República Dominicana, etc, etc…o resultado, salvo um ou outro milagre, era quase sempre o mesmo…ficávamos em casa!

[1] - Relatório da Comissão Independente para a Componente Rodoviária da Terceira Travessia do Tejo em Lisboa no Corredor Chelas/Barreiro, pág. 59.

sábado, 10 de abril de 2010

Onde podia ser gasto o dinheiro do tabuleiro rodoviário?

Tenho a sensação que a maioria das pessoas pensa que faz pouco sentido fazer uma ponte ferroviária e não aproveitar para incluir um tabuleiro rodoviário. Até me parece que estou a ouvir alguém dizer – lá estão os portugueses a ter vistas curtas, em vez de pensarem no futuro e incluir um tabuleiro rodoviário.

Tenho também a sensação que algo de semelhante se passou com a Barragem de Alqueva…que sentido fazia ter a barragem feita e só encher até à cota 139? Quando chovesse, como aconteceu este ano, estaríamos a perder água! Para este caso já começamos a ter respostas…a albufeira está cheia e que uso está a ter toda aquela água?
Para a terceira travessia, para além da pergunta “para quê o tabuleiro rodoviário”, é muito importante perguntar “e por quanto? quanto custa? o que se podia fazer com esse dinheiro para melhorar a mobilidade na Área Metropolitana de Lisboa”

O GEOTA fez umas contas e concluiu que com o sobrecusto do tabuleiro rodoviário seria possível, por ex:
- Ampliar a rede do Metropolitano de Lisboa até 10 km (um aumento de 25% relativamente à rede hoje em exploração!);
- Ou ampliar a rede do Metro Sul do Tejo até 25 km (um aumento de 200%).
Será que uma combinação destas duas soluções, ou de outras que promovam o transporte colectivo, não seria uma maneira muito mais adequada para melhorar a mobilidade na Área Metropolitana de Lisboa e a qualidade de vida dos seus habitantes? O exemplo da Ponte Vasco da Gama não ajuda a tirar conclusões?
A resposta é para mim tão óbvia que tenho dificuldades em compreender como é que há quem não a veja.
Consulte a nota de imprensa do GEOTA aqui.

A primeira mensagem - como nasceu o blog?

Este blog nasceu numa reunião em que discutimos o futuro da associação. Que rumo tomar? Que ferramentas utilizar? Que problemas enfrentamos?
Todos os presentes na reunião, que decorreu ali para os lados da Penha de França, tinham identificado um dos principais problema com que o GEOTA (será só o GEOTA?) se debate - falta de gente ou, melhor dizendo, falta de voluntários. Não estamos a conseguir, como se conseguia no passado, ter gente a trabalhar sobre temas relacionados com ambiente. Falta-nos gente nova, sentimos que as pessoas não participam como participavam no passado.
Nisto, a F. relembrou uma conversa que já temos vindo a ter. Hoje a opinião já se faz na blogoesfera e afins! Temos de aproveitar melhor este novo (será que ainda é novo?) espaço, bem como as redes sociais. As nossas tradicionais notas de imprensa estão antiquadas, está visto!
Um tema que me anda a incomodar há algum tempo é a terceira travessia do Tejo em Lisboa, em especial a componente rodoviária. Para quê? Não há onde gastar melhor o dinheiro? Já não viram todos o que vai acontecer? O exemplo da Ponte Vasco da Gama não é suficiente?
E assim nasceu o TTTpraQ! Resolvemos juntar a tal nova estratégia a este tema.
O nome? É simples...a grande pergunta é mesmo, "para quê"? Uma pergunta que se deveria fazer muito mais vezes, sobre muito mais coisas! Ora, utilizando um estilo "mais moderno" e a sigla (Terceira Travessia do Tejo em Lisboa), rapidamente se chegou ao "TTTpraQ"
Esperemos que a discussão seja viva! Esse é o principal papel de uma ONGA - dinamizar a discussão, a participação.