O Governo anunciou ontem que “A terceira travessia do Tejo em Lisboa, que inclui linhas ferroviárias de alta velocidade e de velocidade normal e rodovia, será decidida depois da avaliação do relatório sobre o projecto, recentemente completado.”
Felicitamos o Governo por repensar este investimento, muito especial a sua componente rodoviária.
Uma vez que vai ser feita uma reanálise, vimos relembrar alguns pontos sobre a componente rodoviária que nos parecem fundamentais:
- A utilidade da nova travessia ferroviária parece ser consensual, embora permaneçam dúvidas sobre múltiplos aspectos da sua concretização: a interligação ao nó ferroviário e estação central de Lisboa, a adequação do traçado, as soluções técnicas, e a oportunidade de dar prioridade a esta obra num contexto de crise económica.
- A componente rodoviária, ou seja, a construção do tabuleiro e acessos que permite a travessia rodoviária, não é um “já agora”.
- Os estudos publicados estimam um custo aproximado de 1000 milhões de euros para a travessia ferroviária Chelas-Barreiro (incluindo acessos mas excluindo o material circulante e custos indirectos); os mesmos estudos estimam o sobrecusto da valência rodoviária em 50 a 70%, ou seja, 500 a 700 milhões de euros adicionais (incluindo acessos mas excluindo custos indirectos em termos de saúde de pública, aumento de tráfego, emissões poluentes e outros). Tomemos como referência um sobrecusto da rodovia de 500 milhões de euros, que a maioria dos especialistas parece considerar verosímil.
- A Lusoponte tem o monopólio de todas as travessias rodoviárias do estuário do Tejo, pelo que a componente rodoviária da TTT teria de ser paga pelo erário público e oferecida à Lusoponte para explorar — não há aqui hipóteses de financiamentos comunitários ou “project finance”, a não ser que o prazo de concessão fosse (ainda mais) estendido;
- Os 500 milhões de euros poupados com a terceira travessia rodoviária permitiriam:
- Evitar mais uma escalada inútil do défice público (500 milhões de euros são aproximadamente 0,3% do PIB);
- Ou ampliar a rede do Metropolitano de Lisboa até 10 km (um aumento de 25%);
- Ou ampliar a rede do Metro Sul do Tejo até 25 km (um aumento de 200%);
- Ou combinações das soluções anteriores.
Em síntese, o GEOTA propõe que a componente rodoviária da terceira travessia do Tejo em Lisboa não seja feita. O montante poupado deve ser utilizado para promover os transportes colectivos, por exemplo desenvolvendo o metropolitano em Lisboa e na margem Sul e para reduzir o défice das finanças públicas.
GEOTA, 30 de Abril de 2010
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