sábado, 1 de maio de 2010

O que é a terceira travessia?

Será esta terceira travessia essencial para o projecto do TGV? A verdade é que não.

Desde há uns dias que não se fala de outra coisa – é para parar, é para avançar, é para suspender, é para avançar em parte, etc, etc. A terceira travessia é sempre referida como a “terceira travessia”, nunca sendo explicado o que é.

Assim, pareceu-me que se justificava escrever uma linhas sobre o que é a terceira travessia do Tejo em Lisboa (TTT) no modelo em que foi sujeita a avaliação de impacte ambiental e obteve uma declaração de impacte ambiental favorável condicionada.

A TTT é uma ponte, e respectivos acessos, que ligará a zona de Chelas ao Barreiro e que permitirá (eu acredito que devia dizer antes “permitiria”) o tráfego de:

- Comboios de alta-velocidade, a que nas notícias chamam TGV. Esta rede de alta-velocidade será feita com bitola europeia, ou seja, a distância entre os carris é igual à que existe na Europa, permitindo que os comboios passem para lá de Espanha sem necessidade de mudar de composição.

- Comboios convencionais, permitindo o tráfego suburbano (por exemplo, permitindo que os moradores do Barreiro possam chagar a Lisboa ) e o tráfego nacional (ex. linha do Sul). Esta rede será em bitola ibérica.

- Veículos automóveis.

A ponte terá o seguinte perfil:


Fonte: Resumo não técnico do estudo de impacte ambiental

Em síntese, a ponte, tal como está proposta, são “várias” pontes.

Por isso, não basta dizer que a terceira travessia é para avançar ou suspender. É importante lembrarmo-nos que este projecto tem várias componentes. Embora não esteja com a afirmação seguinte a defender a ligação em alta-velocidade Lisboa-Madrid, a verdade é que é possível manter esse projecto com outra terceira travessia. É possível desenhar uma ponte somente com as duas componentes ferroviárias, poupando-se, no mínimo, 500 milhões de euros.

Alguém tem o email do nosso primeiro ministro, do nosso ministro das obras públicas e lhe pode lembrar isto? Já agora, o melhor é enviarmos também email para os lideres da oposição.

2 comentários:

  1. Está certo.
    Mas e o TGV faz falta para quê?

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  2. Alberto,
    Não há dúvida que a TTT e o TGV são problemas / soluções interligados. Julgo que a discussão em torno do TGV tem sido também pouco sustentada e tenho mais perguntas do que respostas. Há pelo menos um argumento a favor do TGV que me faz pensar que poderá ser mais interessante para o país do que outros investimentos: ser menos poluente do que o avião e poder ser uma alternativa a este (como se está a ver presentemente com toda a questão do vulcão, devíamos mesmo pensar em alternativas de mobilidade...). Mas concordo que há aqui também muito para discutir.

    Na TTT, o TGV é apenas parte da discussão, uma vez que a componente rodoviária também se detinará à rede suburbana (que, na minha opinião, já devia ter sido completada em 1998, em vez de se ter construído a ponte Vasco da Gama).

    Filipa

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